05 fevereiro 2007

Devia ter tomado a pílula azul

Devia ter tomado a pílula azul


Primeiramente é interessante explicar o que é esta história de pílula azul. Existe um filme chamado Matrix onde um cidadão chamado Anderson (de apelido NEO) é convidado à sair de uma prisão que ninguém conseguia enxergar. Então, para o NEO descobrir a verdade ele tinha a opção de tomar a pílula vermelha ou então tomar a pílula azul e continuar a viver normalmente sem sequer se lembrar que teve aquela conversa. Então, o Neo resolveu tomar a pílula vermelha. Logo ele descobriu que a vida que ele levava não passava de uma simulação digital para que a energia produzida em seu corpo pudesse alimentar as máquinas que comandavam a simulação. Na verdade, eu compreendo que a pílula azul ou vermelha podem significar duas coisas: A primeira é a verdade absoluta, o que realmente existe depois da morte. E a segunda, seria o amadurecimento, o conhecer-se como gente e não mais viver no mundo de inocência o qual as crianças vivem.
Partindo do segundo conceito, é fato que a vida adulta às vezes é muito melhor que a vida de antes, mas tudo irá depender do tipo de infância / adolescência que cada um de nós teve.
Vejo hoje meus amigos terminando a faculdade e iniciando a vida profissional em seus carros do ano dados por seus pais felizes por terem formado os filhos.
Eu, já há mais de dez anos trabalhando de sol a sol, também terminando a faculdade, batendo de “busão” (nome vulgar dado a ônibus) com mulher, filho e uma tonelada de contas para pagar que se eu fosse solteiro jamais teria. Tem sido difícil desde quando resolvi tomar a pílula vermelha e descobri o que é ser gente grande. É complexo eu novo como sou (embora nem tanto), com um filho já de idade avançada e eu querendo quase que as mesmas coisas que ele. Sem opção de diversão, com uma esposa que só dorme ou sente dores de cabeça e nunca consegue acompanhar meu ritmo porque como ela diz: “Você é acelerado demais, se eu for te olhar faço tudo o tempo todo”. O que no meu íntimo não corresponde à realidade. Eu tenho quase 27 anos e vivo no ritmo de uma pessoa desta idade, enquanto ela 24 vivendo em um ritmo de quem está sofrendo depressão aos 60. Hora eu me vejo perdido como agora, refletindo sobre minhas decisões passadas que me trouxeram a vida que tenho hoje. A primeira decisão foi a de ter saído da Matrix (ou ter tomado a pílula vermelha) e agora fico me apertando de cada lado tentando lapidar este diamante bruto chamado alma para em fim ser um bom homem. Enquanto meus amigos continuam no mundo das maravilhas, viajando, se divertindo e deitando-se pelo menos três vezes por semana com alguma mulher e tendo sexo de boa qualidade (ou quantidade como preferir). O fato é que a vida de adulto é muito sofrida e construir meu castelo apenas usando as malditas pedras que encontro pelo caminho torna minha caminhada tão acelerada que não consigo apreciar a vista. O que fazer para solucionar isto? Agora é um caminho sem volta, não há como ser recolocado na Matrix. Existe alguma compensação nisto? Portanto, vamos pensar muito nas atitudes que irão mudar suas vidas para sempre. Seja um casamento, um namoro, uma troca de emprego, uma opção por uma área de estudos ou mesmo a opção sexual. Se compararmos as decisões citadas acima com as ondas formadas por uma pedrinha jogada em um lago, estaríamos falando em proporções “tsunamicas” (palavra que acabei de inventar para criar referência ao tamanho da onda gigantesca “TSUNAMI”). Por isto, antes de viajar para alguma ilha paradisíaca, lembre-se que suas decisões podem lhe afogar.

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