Dia destes estava eu chegando do almoço, aguardando na fila do
elevador com destino ao 17º andar.
A portaria do prédio no qual trabalho possui duas portas: Uma para acesso convencional e outra para acesso aos alunos de uma faculdade que eu não vou citar nome porque não tenho a menor intenção de fazer
merchandise por aqui. Logo após as duas portas, todos se encontram novamente. Do lado esquerdo, fica o porteiro do prédio e do lado direito o porteiro da faculdade Sr. Paulo.
Então, estava eu em conversa animada com a moça do RH da minha empresa quando passa no nosso meio o Sr. Paulo, o porteiro da faculdade andando de costas, meio cambaleante. Por um milésimo de segundo pensei que poderia ser alguma brincadeira dele com a moça que eu estava a conversar, porém fitei meus olhos nos deles e tomei um susto quando vi seu olhar vazio e sem direção: Ele estava tendo um ataque.
Rapidamente, tratei de me desdobrar para segurar aquele pobre senhor que até o presente momento só havia trocado "bom dia". Ato contínuo, coloquei-o no chão e ele começou aquele breve processo de ataque convulsivo. Fui ajudado por uma outra moça que estava na fila. Enquanto todos gritavam: "Sr. Paulo! Sr. Paulo" e eu respondia: Pessoal, ele não vai ouvir nada agora. Ele está inconsciente enquanto o ataque não passar. Acalmem-se por favor.
Bem, resumindo a história: Deus me colocou num lugar para salvar um senhor de cair de cabeça ao chão. Talvez se eu não estivesse no lugar certo na hora certo o fim daquele homem seria ali. Aguardei o Sr. Paulo melhorar e depois fui embora como sempre faço.
Hoje, não sei porque cheguei como de praxe sozinho à mesma fila e lá estava o Sr. Paulo. Continuei fazendo questão de cumprimentar apenas com o meu saudoso "bom dia" e me continuei aguardando a chegada do elevador. Um senhor que trabalha para o condomínio saiu por de trás do balcão, me pegou pelo braço e olhou para o Sr. Paulo dizendo: "Sr. Paulo, o senhor gostaria de saber quem lhe ajudou no dia que passou mal, pois este aqui é o rapaz." - fiquei desconcertado. Não tenho o costume de ser reconhecido por este tipo de coisa e muito menos gosto quando isto acontece. Mas aí veio algo que me fez refletir: "Meu filho, que Deus lhe abençoe! É bom saber que no mundo ainda exista gente boa."
Cheguei ao décimo sétimo andar como se estivesse chegando ao céu. Recebi uma alta dose de energia positiva pela manhã. Pensei comigo: Eu não sou um guardião, mas naquele dia eu consegui fazer algo que dá prazer, ajudar ao próximo! Porque não passar adiante?
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