04 junho 2008

24 horas é tempo suficiente

Tenho passado os últimos dias como um homem só no fundo de um bar, tomando o último gole de seu uísque na esperança que aquela quantidade de alcóol lhe forneça energia suficiente para continuar adiante.
Em casa, tudo corre bem, no trabalho também. Mas existe algo que sempre me incomoda... Como um rádio sem antena, não estou percebendo sinal algum, só a estática em uma tentativa inútil de captar algo que não virá.
Houveram muitas mudanças de ambiente nos últimos 2 ou 3 meses. Coisas que me fizeram ir de amor ao ódio e do ódio ao amor. Tenho feito uma auto-avaliação sobre o tipo de vida que tenho levado e o que eu desejo para o meu futuro.
Senti-me triste hoje em ter de falar coisas que não gostaria de dizer apenas para que eu voltasse a ter estática no meu rádio. Mas afinal, porquê eu disse aquelas coisas?
Fico buscando na linha da memória todos os fatos destes últimos tempos e não consigo encontrar um momento sequer que o ambiente estava igual ao de outrora.
Gostaria até de falar muito mais em detalhes sobre o que tenho vivido, mas nem mesmo uma autobiografia expressaria o que tenho vivido nos últimos 9 meses.
Hoje, me dei conta de que realmente minha memória é de elefante. Não deixo passar nada despercebido. Me perguntaram hoje o seguinte: "Um magricela hipoglicêmico está falando de coca-cola e um menino pequenino enrolado em um cobertor, o que você me diz" - Em seguida, respondi: Natal de 1999. 04:30 da manhã, Serra do Seara.
Percebi que isto tem quase nove anos. Lembro-me ainda de coisas que me foram ditas, palavra por palavra quando eu era 10, 15 anos mais novo.
A memória é um ótimo instrumento para o rancor. Com ela, posso viver os bons momentos de minha vida e me precaver de não conversar com esta ou aquela pessoa em virtude do que ocorreu no passado.
Nesta vida, já passei por um tudo... Amor, Frio, Ódio, Fome, Sede, Aperto, Alegria, Tristeza e por mim muitas pessoas passaram. E guardo o que de bom (ou nem tanto) cada uma destas pessoas me deixou. Obviamente, não sou um diário ambulante, com memória tão explêndida assim (por favor, não queiram fazer testes em mim LOL).
Mas, estes últimos nove meses foram diferentes de todas as experiências que já vivi no passado. Me vi amar, odiar, rir, chorar, ganhar, perder, errar e acertar como nunca antes. Fui capaz de aprender um monte de coisas, de conhecer as pessoas apenas pelo convívio, a me expressar melhor, a ser mais amigo, a ser mais irritado e mais calmo.
Só algo não tem mudado: O tempo. Todos os dias tenho 24 horas e tento aproveitá-lo da melhor maneira possível. Hoje eu escrevi uma frase para um amigo... Para quem sabe aproveitar o tempo, 24 horas por dia é tempo de sobra.
E mais ou menos assim tenho vivido. Coloquei meu sono em dia, minha cabeça (nem tanto, mas estou a caminho), meus sentimentos e retomei a direção de minha vida.
Vejo-me obviamente um homem só no fundo de um bar tomando seu último gole de uisque na esperança que este seja o combustível capaz de fazê-lo caminhar novamente.
Não é que estou literalmente bebendo no fundo de um bar (até porque eu não curto muito beber), mas é que este tempo me passou como uma embriaguez. Me senti capaz de tudo e depois capaz de nada e depois capaz de tudo de novo. Sinto que dentro dos próximos dias o efeito deste alcóol irá passar e quando eu voltar a ficar sóbrio novamente, serei aquela mesma pessoa que se assentou no bar antes do primeiro copo.

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