31 julho 2006

Segunda Feira

Segunda-Feira, 31 de julho de 2006.

Como de praxe acordei às 4 da manhã. Manter a vida de estar em casa no interior todo final de semana tem seu preço.
Diferente das outras segundas-feiras, chove. É o primeiro dia depois de um ano de casado. Acordei com menos sono desta vez. Será que estou me acostumando com esta
rotina?
Não tenho tempo para pensar se sim ou se não. Minha esposa acorda junto comigo, me dá um beijo bem gostoso e volta a dormir. A se ela soubesse o quanto eu gosto
dela. Antes que sua mente volte ao estado de incosciencia trocamos umas duas ou três palavras, mas enquanto eu não saio de casa ela não dorme direito. Corro pro
chuveiro. A água passa por ele sem muita pressão. Não sei o que há de errado. Sinto frio. Mudo a chave para "inverno" e começo a me derreter de calor. Nossa nunca vi um
chuveiro tão "extremático" como este: No "Verão" água fria demais e no "inverno" quente demais. Mas a culpa é da pressão da água.
Procuro me concentrar no que tenho de fazer. Termino o banho e fecho o chuveiro. Uma última gota de água já fria cai sobre minha nuca. Sinto um calafrio e abro a porta

do box procurando desesperadamente uma toalha. Um vento frio passa por mim, começo a tremer. Enrolo-me mais que depressa na toalha e me aqueço. Em instantes, já

estou sentindo calor novamente. Vou na direção do quarto do meu filho. Quarto este que só dorme minha mala e minha roupa de trabalhar já separada.
Arrumo-me rápido. Já são 4:15 e em instantes o carro com minha bondosa mãe vai chegar para buscar-me. Termino tudo rápido e vou para meu quarto, onde dormem

minha esposa e filho. Entro silenciosamente e fico ali velando o sono deles. Meu pequeno está todo descoberto, agacho-me e cobro-o novamente com o edredon quentinho.

Minha esposa acorda e me pergunta o que está havendo. Respondo-lhe que nada, que estava ali vendo-os dormir enquanto minha mãe não chegava. Na minha mente a

resposta real era: "Que saco queria dormir até mais tarde, acordar junto de vocês e passarmos o dia juntos". Mas não respondo assim porque não posso fraquejar com

nosso objetivo. Lembro-me de supetão que estava a esquecer os cheques para pagar a faculdade. Digo a minha esposa e ela pediu para pegar sua bolsa, lá está o talonário

com apenas 4 folhas e agora depois de passar por suas mãos, todas estão assinadas. Pego a bolsa e coloco-a de volta. Ajoelho-me novamente perto de meu filho mais uma

vez descoberto e beijo-o demoradamente. Volto até a cama e faço o mesmo com minha esposa. É hora de ir. Minha mãe já está me aguardando na porta. Saio de casa e

com minha mala enorme, minha velha companheira de viagem. No caminho vou conversando com minha mãe sobre coisas de relevancia duvidosa. Mas o importante é

manter os olhos da minha mãe no caminho. Chegamos à rodoviária. Me despeço dela com um beijo e me encaminho diretamente ao onibus. Dessa vez não preciso de

comprar a passagem. Já estava com ela desde ontem. Entro no ônibus, procuro a poltrona 37, acomodo minha bagagem, assento-me, abro a janela, fecho as cortinas e

reclino a poltrona. Fecho os olhos na esperança de encontrar sono. Mas ele está distante. Sei que irei encontrá-lo nos próximos sessenta quilometros. Mantenho os olhos

fechados. Não demorou muito depois da saída do ônibus para o sono subir a bordo. Ao meu lado, uma moça com olhar esbugalhado. Estava com tanto desejo de voltar a

dormir que nem tinha notado a presença dela. Pela estrada sonho que alguém que já havia morrido morreu novamente. Acordo e o suor toma conta de mim. Percebo que já

estou na cidade de destino. Volto a cochilar. Encontro-me agora na rodoviária de Belo Horizonte. Já são 7:30. Muito embora não me importe, percebo que houve atraso. A

fila para pegar o taxi dá voltas em si mesma. Tento a solução paleativa. Vou para área de embarque de passageiros e tento pegar um taxi que está deixando alguém.

Rapidamente consigo. O motorista, simpático me leva direto para o local que separa-me de minha família porém me dá condições de mantê-los como uma família. Desço,

pago os oito reais da corrida e vou direto para fila do elevador. Cumprimento o segurança do prédio e ele sempre sorridente retribui. Uma das quatro portas se abrem,

todos se direcionam a ela. Eu só por curiosidade aperto o botão para chamar o elevador novamente e outra porta se abre. Incrível, vou subir praticamente sozinho. Junto a

mim, dois colegas que desceriam no mesmo andar que o meu. Chego ao décimo sétimo andar. Vou começar profissionalmente o dia. Agora é hora de fechar os olhos para

não ver a semana passar. No escritório, uma única surpresa: Quase ganhamos na mega sena. Os amigos do bolão ficaram tensos ao ver que apos acertarmos tres dezenas,

as outras três tinham a diferenca de uma unidade com a dezena jogada. Não foi dessa vez que ficamos milionários. Mas o importante mesmo não é o ficar milionários. Jogar

na mega sena nos dá a esperança de um podia poder sair dessa vida medíocre que levamos. Vou continuar meu dia normalmente. Esperando ter muito trabalho pela frente

já que é este que me dá o sustento. Não vejo a hora de chegar em casa para dormir e começar tudo outra vez.